Por Dilvo Rodrigues
Eu nunca gostei de café. Mentira! Eu só gostava e tomava o café da minha avó. Me lembro até hoje da bebida fraca, com a consistência de uma melado que a gente adorava tomar nas canecas de ferro esmaltadas. Digo “a gente” por que eu e meu irmão mais novo nos empanturrávamos do café dela, o dia inteiro. Dona Hilda ainda tem um desses moedores de café mais antigos, de manivela. Os grãos ficavam armazenados numa vasilha de plástico do lado da banqueta em que o moedor estava instalado. Ela enchia a boca do moedor de café e girava a manivela. O barulho do café sendo triturado e o cheiro se espalhavam pela casa. A gente ia correndo para a cozinha e ficava esperando. A água ia fervendo no fogão a lenha. O pão sovado dava as caras na mesa, na companhia de um queijo e uns biscoitos de maisena. Cada um pegava o que queria e ia sentar lá na varanda da casa, que fica no alto de um morro esburacado que nunca soube o nome. Mas que dava vista para meio Marilac.
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